Nós Tomamos Conta da Esclerose Múltipla

Suplementos também melhoraram a resistência em estudo piloto

por Lindsey Shapiro, PhD | 2 de fevereiro de 2023

A suplementação com óleo de coco e galato de epigalocatequina (EGCG), um extrato de chá verde, em combinação com uma dieta de estilo mediterrâneo, foi associada a melhorias no equilíbrio e na marcha em pessoas com esclerose múltipla (EM).

Essas foram as descobertas de um pequeno estudo piloto em Espanha, que também descobriu que todos os participantes, incluindo aqueles que receberam um placebo em combinação com uma dieta mediterrânea, experimentaram ganhos de resistência após quatro meses.

“A administração de EGCG e óleo de coco parece melhorar a velocidade e o equilíbrio da marcha”, escreveram os investigadores, acrescentando que a “dieta mediterrânea saudável seguida por todos os pacientes do estudo poderia explicar a melhora na resistência da marcha [endurance]”.

O estudo, “Improvements in gait and balance in patients with multiple sclerosis after treatment with coconut oil and epigallocatechin gallate. A pilot study,”, foi publicado na Food & Function.



Pacientes com esclerose múltipla tomaram suplementos de óleo de coco e extrato de chá verde


O ambiente inflamatório que caracteriza a EM contribui para a disfunção das mitocôndrias – componentes celulares que funcionam como centros de produção de energia e são conhecidos como as casas de força das células. Em última análise, o equilíbrio energético das células nervosas não pode ser mantido.

Isso pode levar ao stresse oxidativo, um tipo de dano causado por uma depuração prejudicada de moléculas reativas de oxigênio pelas defesas antioxidantes do corpo.

Corpos cetónicos, moléculas produzidas a partir de ácidos graxos no fígado, demonstraram restaurar a atividade mitocondrial. Essas moléculas podem ser obtidas de fontes dietéticas, que formam a base da dieta cetogénica que beneficia os pacientes com esclerose múltipla .

A maior fonte de corpos cetónicos são os triglicerídeos de cadeia média, como o óleo de coco.

Enquanto isso, o EGCG, o principal componente do chá verde, demonstrou uma série de efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes em estudos pré-clínicos.

Os investigadores acreditam que a suplementação de óleo de coco e EGCG em combinação com uma dieta anti-inflamatória pode ser benéfica para a função neurológica e muscular na EM.

Para descobrir, um ensaio clínico piloto (NCT03740295) foi conduzido em Espanha para avaliar esta combinação de suplemento dietético contra um placebo entre 51 adultos com EM. Os participantes também foram instruídos a aderir a uma dieta anti-inflamatória de estilo mediterrâneo, que mostrou benefícios significativos em pacientes com esclerose múltipla .

Todos os pacientes estavam a tomar medicamentos padrão para EM , incluindo acetato de glatirâmero (vendido como Copaxone , entre outros) ou interferon beta (por exemplo , Rebif, Betaferon).

A sua dieta especializada consistia em cinco pequenas refeições por dia, com 20% de proteína, 40% de carboidratos e 40% de gorduras saudáveis.

O grupo suplemento também tomou 60 ml de óleo de coco (30 ml duas vezes ao dia) e 800 mg de EGCG (uma cápsula de 400 mg duas vezes ao dia). Os participantes do grupo de dieta controlo receberam 60 ml de outro tipo de óleo e cápsulas de placebo no lugar do EGCG.

Esta dieta e suplementação foram mantidas por quatro meses.

Os resultados publicados anteriormente demonstraram que o tratamento levou a aumentos significativos nos níveis sanguíneos de beta-hidroxibutirato, um tipo de corpo cetónico com propriedades neuroprotetoras. Os pacientes que receberam a suplementação também experimentaram melhorias funcionais significativas, de acordo com os investigadores.

No novo estudo, a equipa relatou outros resultados relacionados ao equilíbrio e à marcha após quatro meses de tratamento. Esses achados mostraram que os pacientes que usaram os suplementos experimentaram melhorias significativas no equilíbrio objetivo, avaliado com a Escala de Equilíbrio de Berg, enquanto aqueles no grupo placebo não observaram melhorias.

No entanto, as percepções de equilíbrio dos pacientes não melhoraram em nenhum dos grupos.

O grupo suplemento também exibiu aumentos significativos na velocidade da marcha. Especificamente, sua velocidade aumentou de uma mediana de 1,56 metros por segundo (m/s) no teste de caminhada de 10 metros antes do tratamento para 1,73 m/s após quatro meses.

O grupo placebo, por outro lado, experimentou uma redução não significativa na velocidade de caminhada, de 1,7 m/s para 1,61 m/s.


A intervenção nutricional no presente estudo piloto alcançou uma melhora significativa no equilíbrio e na marcha em pacientes com EM.



A resistência, medida pelo teste de caminhada de dois minutos, melhorou significativamente em ambos os grupos, com os pacientes observando um aumento na distância que podiam caminhar em dois minutos após quatro meses.

Da mesma forma, ambos os grupos observaram melhorias significativas na força muscular na parte inferior da perna direita. No entanto, apenas o grupo que recebeu os suplementos experimentou ganhos na força muscular da coxa direita.

No geral, “a intervenção nutricional no presente estudo piloto alcançou uma melhora significativa tanto no equilíbrio quanto na marcha em pacientes com esclerose múltipla”, escreveram os investigadores.

A equipa observou que os ganhos de equilíbrio e velocidade no grupo de intervenção podem ser devidos a uma combinação de impactos musculares e neurológicos, incluindo benefícios para o lobo frontal do cérebro para melhorar o equilíbrio e um aumento nas fibras musculares envolvidas em movimentos amplos e vigorosos.

O fato de ambos os grupos terem obtido ganhos na resistência pode ser devido à “mudança na dieta de todos os participantes do estudo”, escreveram os investigadores, observando que uma dieta mediterrânea foi “vinculada a melhorias na resistência da marcha, e não a outras variáveis, como a velocidade.”


Artigo original em inglês:

https://multiplesclerosisnewstoday.com/news-posts/2023/02/02/coconut-oil-green-tea-supplements-lead-ms-balance-gait-gains-study/




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Adaptado por Afonso Freitas | 6-2-2023